Críticas, matérias, entrevistas e reportagens da carreira de Orlando Fassoni.
O material não segue nenhuma ordem, seja cronológica, seja de categoria ou qualquer outra. É apenas um registro digital de muitos anos de jornalismo.

26 de fevereiro de 2008

OPERAÇÃO FRANÇA, UM VELHO OSCAR

Ainda estamos vivendo os últimos momentos dos 80 anos do Oscar, comemorados desde a noite do último domingo até a madrugada de ontem, segunda-feira. E canais de TV paga, principalmente o Telecine Cult, da NET, aproveitam bem os dias que sucedem a cerimônia dos prêmios, oferecendo ao telespectador uma programação com obras cinematográficas que têm Oscar na bagagem. Foi o caso, ontem no início da noite, de “A Malvada” (All About Eve, l950), que naquele ano faturou o Oscar de melhor filme, direção (Joseph L.Mankiewicz), roteiro e ator coadjuvante (George Sanders), além de outros dois prêmios técnicos. Quem viu o filme na TV, ainda em preto e branco, sacou os desempenhos notáveis de Bette Davis e Anne Baxter, um duelo sensacional para ver quem era melhor. As duas foram indicadas para o Oscar de melhor intérprete e foram, de fato, as muletas que sustentaram o filme, uma análise rigorosa, sarcástica e corrosiva sobre os bastidores da Broadway, onde impera a filosofia do cada um por si e Deus pra todos. Mas nem Bette Davis, a diva, nem Anne Baxter, a candidata a estrela, levaram a estatueta. Quem ganhou foi Judy Holliday no filme “Nascida Ontem”. “A Malvada” ajudou a impulsionar a carreira da uma novata: se você viu e reparou bem, deve ter adivinhado quem é a lourinha protegida do crítico teatral De Witt, o personagem que deu a George Sanders o prêmio de ator secundário. É Marilyn Monroe.
Seguindo essa linha de mostrar como eram os oscareados dos velhos tempos, hoje, quarta-feira, às dez da noite, o mesmo canal Cult vai exibir “Operação França” (The French Connection), de 1971, vencedor de cinco Oscar: melhor filme, diretor (William Friedkin), ator (Gene Hackman), roteiro e montagem. Com um elenco de cobras que, além de Hackman, tem ainda o espanhol Fernando Rey e o recém-falecido Roy Scheider, o diretor Friedkin desenvolve a trama baseada num fato real: a apreensão de 32 milhões de dólares em heroína contrabandeada, cerca de 12 quilos, a até então maior carga da droga capturada nos Estados Unidos. Robin Moore, o autor da novela de onde saiu o filme, trocou os nomes dos protagonistas da história verdadeira: os detetives Eddie Egan e Sonny Grosso ficaram sendo Jimmy “Popeye” Doyle e Buddy Russo. Os dois verdadeiros, Eddie e Sonny, aparecem no filme como atores. Eles fizeram a apreensão da coca em 1962, depois de uma extensa aventura policial que tem início em Nova York
Talvez, hoje, “Operação França” nem teria sido indicado para qualquer Oscar. Mas, na época, foi um sucesso de bilheteria, faturou os cinco prêmios e ganhou críticas elogiosas pelo roteiro, interpretações, atmosfera sempre nervosa e uma narrativa que envolve qualquer um que goste de cinema policialesco. Tanto fez sucesso que, quatro anos depois (1975), aconteceu a sequência dirigida pelo ótimo John Frankenheimer. Mas não teve o mesmo êxito do original que, em 71, não se sabe por quais razões, derrotou obras muito mais fortes, desde “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, até “Um Violinista no Telhado”, de Norman Jewison, e “A Última Sessão de Cinema”, de Peter Bogdanovich. Todos estes venceriam, menos outro indicado, o péssimo “Nicholas e Alexandra”, de Franklin Schaffner. Caprichos, nem sempre tragáveis, da Academia de Hollywood. Esqueça a mancada e veja “Operação França” hoje à noite. Você não vai se decepcionar se comparar o policial de Friedkin com as besteiras que o gênero policial mostra nesses nossos dias. Boa noite e boa sorte. Lembram da frase?. .

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Orlando Fassoni, gostaria de saber seu e-mail, pois pesquiso sobre Delmiro Gouveia.

Fassoni disse...

Olá,
Segue meu email para qualquer contato:
olfassoni@gmail.com