Críticas, matérias, entrevistas e reportagens da carreira de Orlando Fassoni.
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18 de janeiro de 2008

POPEYE

Algumas emissoras de rádio noticiaram, na semana passada, que Popeye, o marinheiro comedor de espinafre, estava comemorando seus 80 anos bem vividos ao lado de Olívia Palito, Dudu e Brutus, aquele mastodonte que azucrina a sua vida mas nunca leva vantagem. Creio que houve algum equiívoco na informação. Os 80 anos de Popeye, na verdade, serão lembrados no ano que vem, em 17 de janeiro, quando a figurinha criada por Elzie Crisler Segar nasceu, publicado pela primeira vez nas páginas do “New York Evening Standard”, numa época em que os leitores iniciavam a leitura dos jornais abrindo de cara na página de histórias em quadrinhos.
Portanto, tiraram um ano da vida do marinheiro, personagem que até hoje sobrevive à enxurrada de criaturas que deixam os mais idosos, como eu, com saudades dos velhos tempos em que líamos as aventuras de Mandrake, Fantasma, Flash Gordon, Tarzan e outros tantos heróis e anti-heróis que, além dos gibis, faziam a festa da molecada nas matinés acompanhando os velhos seriados. Se você é dessa época, veja se adivinha o nome do cavalo do Fantasma, da namorada do Mandrake ou alguma coisa sobre a história de Tarzan.
Embora seja muito melhor nos gibis, Popeye acabou, como outros personagens, parando também nos cinemas, mas nenhuma tentativa de usar atores vivos para suas aventuras acabou dando resultados capazes de fazerem jus ao velho marinheiro de cachimbo, mesmo com diretores talentosos como Robert Altman (“Mash”), que realizou, em 1980, uma tentativa onde Robin Williams fazia Popeye sem muita convicção, apesar do roteiro escrito pelo ótimo Jules Feiffer. Ficou muito melhor nos desenhos animados depois que o estúdio de Max Fleischer comprou de Segar os direitos para transformar o marinheiro em personagem de animação. Foi um sucesso. As aventuras de Popeye, nos gibis, acabaram sendo publicadas em 25 países, em mais de 600 jornais, e contribuíram para aumentar nos Estados Unidos, principalmente, a venda de espinafre.
E já que estamos metendo o bedelho nas histórias em quadrinhos, um lembrete: este ano, em 17 de agosto, vamos comemorar o centenário dos desenhos animados, gênero que nasceu em 1908 com o francês Emile Cohl que na época, trabalhando como cenarista nos estúdios Gaumont, criou ‘Fantasmagorie”, que a história registra como o primeiro filme de animação. Cohl morreu na miséria em 1938. E o desenho animado, antes tido como “coisa de criança”, acabou virando “lições para adultos”, apesar de todas as transformações que sofreu o gênero nesses cem anos. Cohl rolaria no túmulo se visse o que existe hoje em animados, apesar das exceções como os desenhos de Disney, que industrializou a animação.

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